Kit Gay’ e ‘Velho Sacudo’: vereadores pedem explicações sobre mostra de quadrinhos em BH

Vereadores, representantes da Prefeitura de Belo Horizonte e do Festival Internacional de Quadrinhos debateram em audiência pública na manhã desta quarta-feira (5), na Câmara Municipal, a exposição de livros adultos na FIQ BH, que aconteceu entre os dias 22 e 26 de maio no centro da cidade.

Parlamentares questionaram o fato de excursões com alunos da rede municipal serem levadas à mostra de quadrinhos, onde crianças teriam tido acesso a material pornográfico ou inapropriado para a idade, sem pleno conhecimento dos pais.

Por outro lado, a Prefeitura de BH diz que houve pedido de autorização e monitoramento de professores nas excursões. Já organizadores do evento, dizem que a FIQ não é um evento exclusivamente infantil, e que maior parte do público é adulto.

O pedido de audiência pública foi da vereadora Flávia Borja, do partido DC. Ela mostrou na reunião alguns materiais que teriam sido expostos para crianças.

“Vou ler a sinopse deste livro. ‘É uma coletânea de histórias de terror com toques de erotismo. Quem estamos tentando ignorar, é uma história de putaria mesmo, escritas e desenhadas por 13 quadrinistas’. Pode passar o próximo: o kit gay. A sinopse diz que ‘esse é o kit gay que deveria estar presente em todas as escolas e lares’. Será que as famílias que autorizaram as crianças a irem nesta exposição aprovam este tipo de obra? Será que deve ser acessível à crianças? Velho Sacuto, dá até vergonha de ler um negócios desses. Eu tenho vergonha de ler um negócio desses”, afirmou a vereadora.

O vereador Irlan Melo, do Republicanos, relatou que os livros eram para adultos, e poderiam ser comprados pelas crianças. “Aqui estão alguns dos livros que estão disponíveis lá. O próprio livro diz que é conteúdo destinado a adultos. E aí nós vemos esse kit gay, com o valor de R$ 19,95, ou seja, uma criança com um voucher de R$ 20 pode adquirir, mesmo a indicação dizendo que é para adultos”, afirmou o vereador.

Marceli Azi, representante da Secretaria Municipal de Educação, disse que as visitas foram monitoradas por profissionais da educação.

“Temos como prerrogativa ter encontros, discutimos como será o passeio, como será o projeto e a gente busca sempre preservar a integridade das nossas crianças e dos nossos adolescentes. E nós, além de termos uma reunião onde explicamos os detalhes de como ia acontecer, também orientamos as escolas que iriam levar os alunos. Que os professores deveriam estar junto com os estudantes, que os vale livros não seriam aceitos em livros de conteúdo adulto”, afirmou a representante da PBH.

A presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, órgão responsável pela organização do evento, afirmou que havia mais de 3 mil obras expostas, mas vereadores não exibiram livros do setor voltado para crianças. Ela diz que o público maior do evento é não composto por crianças.

“É importantíssimo a gente destacar que o festival de quadrinho tem um público majoritariamente adulto, temos cerca de 10% apenas das 45 mil pessoas que estiveram presente composta por crianças abaixo de 12 anos. Isso contando com as excursões escolares. Obviamente temos uma preocupação associada com a política pública de garantir o livre acesso e a experiência de todos os públicos, de forma segura, confortável e coerente com o que rege nossa legislação brasileira. Não tem acesso a criança desacompanhada”, afirmou Gabriela Santoro.

O líder de governo da prefeitura na Câmara, vereador Bruno Miranda, do PDT, disse que se houve erro, deve ser corrigido nas próximas edições do evento.

“Em relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente, ele foi cumprido. Obviamente, a dinâmica de um festival desse porte pode sim ter algum equívoco ou de falha, que é preciso ser apontado para o futuro. Nosso objetivo tem que ser esse, e não transformar isso em um Atlético e Cruzeiro irracional, que só sirva para lacrar na internet. Estou vendo que não está indo para esse caminho. Que bom”, afirmou o líder do governo na Câmara de BH.

Fonte: Itatiaia