Um novo golpe tem sido aplicado por estelionatários em empresários de Belo Horizonte e região metropolitana e requer total atenção. Criminosos ameaçam as vítimas tentando forçá-las a fazer transferências financeiras. Do outro lado da linha, eles intimidam os comerciantes alegando que foram denunciados por eles à polícia e, por isso, precisam ser compensados com dinheiro.
Há mais de trinta anos, João* — nome fictício — tem um bar em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Recentemente, enquanto trabalhava, recebeu uma ligação pensando se tratar de algum cliente. “Assim que atendi, já me falaram que tinha que fazer um Pix de R$ 4 mil, pois, caso contrário, iriam ‘acabar’ com o meu comércio”, relembra.
A reação imediata foi de susto. “Tentei argumentar que não tinha o valor, mas ele não quis saber de papo. Falou que era para eu mandar a quantia que tivesse, pois senão a situação ia ficar ‘feia’ para o meu lado”. Em meio ao desespero, João lembrou de olhar na bina do telefone o número de quem conversava com ele. O DDD Discagem Direta à Distância — era do Rio de Janeiro.
“Nesta hora percebi que era um golpe, pois passei a observar o sotaque diferente do nosso aqui de Minas, sem contar que ele usava algumas expressões que não são típicas da gente”, comenta.
O relato de João não é o único. Após o jornal o tempo divulgar a conversa entre um suposto traficante e um comerciante do bairro Santa Tereza, na região Leste de Belo Horizonte, vários internautas relataram ter recebido ligações de golpistas. “Minha mãe tem um salão de beleza. Entraram em contato com ela ameaçando, dizendo que ela tinha entregado o tráfico de drogas no bairro”, comentou uma pessoa.
Cuidados
Os criminosos não têm um segmento específico para atuação, porém muitos relatos são de proprietários de bares e restaurantes. Renato Pena é advogado do escritório responsável pelo jurídico da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) e comenta que na última semana tem sido procurado pelos comerciantes. “É algo bem recente e, para nós, tem chegado queixas de comerciantes da região Leste de BH, mais precisamente do bairro Santa Tereza”.
A Abrasel-MG tem orientado os comerciantes a procurarem as forças de segurança. “A primeira recomendação é observar o teor da conversa. Buscar ficar calmo e não passar ou confirmar dados pessoais ou da empresa. Muitas vezes eles têm o costume de pedir para a pessoa completar o CPF ou CNPJ. Não faça isso e nem efetue pagamentos. Registre a ocorrência para que a polícia consiga fazer os trabalhos investigativos”.
Veja a relação das dicas da Abrasel:
- Ao perceber que trata-se de um golpe, desligue o telefone;
- Tenha tranquilidade e não tome nenhuma atitude no momento da ligação;
- Não realize nenhum tipo de pagamento;
- Não forneça dados pessoais;
- Não forneça informações do estabelecimento;
- Registre boletim de ocorrência para que os órgãos de segurança pública tenham conhecimento sobre o fato e atuem para identificar e coibir os golpistas
Fonte: O Tempo